O Sol atravessa um inquietante período de acalmia. Há perto de três anos que poucas manchas e raras erupções solares surgem na superfície desta estrela imprevisível. Só no início do mês passado é que o Sol parece ter despertado com umas escassas e pequenas manchas, mas foi, literalmente, "sol de pouca dura".
O Sol apresenta ciclos de actividade de 11 anos (em média), e parece que um novo ciclo solar poderá estar a começar. No entanto, este mínimo solar está a durar mais tempo do que o previsto inicialmente. Seja como for, o mínimo mais prolongado de que se tem registo é o Mínimo de Maunder (1645-1715), que durou 70 anos. Provou-se existir uma relação entre a actividade do Sol e o clima da Terra, pois esse período coincidiu com uma Pequena Idade do Gelo, com Invernos extraordinariamente duros no Hemisfério Norte, sobretudo na Europa. Os cientistas ainda não compreendem o que motivou o Mínimo de Maunder ou exactamente como influenciou o clima da Terra. Há o receio de que o mesmo possa estar a acontecer.
O próprio vento solar nunca esteve tão fraco como agora, desde que a sua intensidade começou a ser observada, há 50 anos (aproximadamente). Baixou 20% desde meados da década de 90. O vento solar é responsável por criar a heliosfera, que envolve e protege todo o Sistema Solar dos raios cósmicos de alta energia provenientes do restante Universo. A redução da sua intensidade leva a que a heliosfera encolha e fique mais fina, facilitando a passagem dos raios cósmicos. Isto aumenta o risco das missões espaciais, ficando os astronautas mais expostos a radiações nocivas, fora da protecção da Terra.
O curioso é que ninguém sabe o que é que vai acontecer no Sol. Existem diversas previsões contraditórias. Uns dizem que este mínimo poderá se prolongar durante muito mais tempo e levar a uma Pequena Idade do Gelo. Outros sugerem que esta é a "bonança antes da tempestade", e que quanto mais prolongado e profundo for o mínimo solar, mais forte será o seu máximo - previsto agora para 2013 (e não 2012).
Se o mínimo solar tem consequências curiosas e ainda, em grande parte, desconhecidas para a Terra, o máximo solar é mais perigoso. Durante o período de actividade mais intensa do Sol, podem ocorrer violentas explosões na superfície solar e ejecções de massa coronal (CME). Se vierem em direcção à Terra, temos pouco tempo para reagir - de horas a dias. Estas explosões poderão afectar e mesmo destruir (dependendo da sua intensidade) toda a nossa rede de telecomunicações e electricidade. Isto lançaria o caos um pouco por todo o globo e poderíamos ficar durante anos sem energia eléctrica. Nem preciso de me alongar muito para vermos as profundas implicações que este evento teria na economia mundial. Seríamos forçados a mudar o nosso estilo de vida por completo... para sobreviver. Voltaríamos ao passado.
A magnetosfera protege-nos em grande parte destas tempestades solares, mas o curioso é que em 2003 descobriram-se grandes buracos neste escudo protector da Terra. Alguns cientistas pensam que se formos bombardeados com intensa radiação cósmica e solar, e se a Terra tiver a magnetosfera fragilizada, para além das consequências acima descritas, também poderíamos sofrer mutações no nosso DNA - nós e todos os outros seres vivos. Bom, aguardemos pelo futuro. Afinal, talvez aconteça alguma coisa em meados de 2012...
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